Por Rosiene Carvalho , da Redação
Partidos de centro-esquerda fizeram movimentos no fim de semana que sinalizaram, sem tentativa de camuflagem, alinhamento com vista às vagas do Amazonas na disputa eleitoral de 2018.
No mesmo ambiente, reuniram-se publicamente Vanessa Grazziotin (PCdoB); o líder regional do PSB, Serafim Corrêa (PSB); o deputado estadual José Ricardo (PT), que teve expressiva votação nas duas últimas eleições do Estado; o presidente estadual do PT, Sinésio Campos (PT); e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM) e ex-governador interino David Almeida (PSD).
E falaram sobre a atual conjuntura política para traçar os primeiros debates sobre 2018.
O início de marcha eleitoral ocorreu na Conferência Estadual do PCdoB e na reunião da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) do PT no Amazonas, no sábado, dia 30.
A possibilidade da formação de um bloco com PT, PCdoB e PSB demonstra intenção de reeditar no estado as costuras nacionais que começaram a ser alinhavadas por Lula desde julho deste ano, quando ele começou a falar sobre o assunto.
No Amazonas, a aliança, caso se confirme, rompe com o cacicado do ex-governador Eduardo Braga (PMDB) que, desde o governo Lula, em 2002, mantém PT e PCdoB em sua órbita.
David é ingrediente novo
Outro ingrediente novo, nessa possibilidade de bloco, é a adesão do ex-governador interino do Estado e presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), David Almeida (PSD).
David é um político da bancada evangélica, com linhagem mais conservadora, mas que alçou uma posição de destaque após ficar à frente do Executivo e está sendo namorado pelo PCdoB como opção de candidato a governador do grupo.
Todos, no discurso, deram uma conotação da necessidade de união de algumas correntes para enfrentar o momento político que o País vive. O presidente estadual do PCdoB Eron Bezerra sintetizou as falas em seu discurso: “Só não muda de ideia que não as tem”, disse.
PT
O resumo de Eron é significativo. Historicamente, no Amazonas, o próprio PT sempre esteve dividido.
Enquanto, com o apoio da Executiva Nacional, parte dos membros e correntes se mantiveram alinhadas ao PMDB de Eduardo Braga, outra parte se posicionava como oposição. A mudança de ideia estava bem representada na mesa do PCdoB, neste sábado, com José Ricardo e Sinésio Campos.
José Ricardo que sempre se isolou por ter um eleitorado fiel e suficiente para eleições à Câmara Municipal de Manaus (CMM) e ALE-AM agora se movimenta tanto para se fazer conhecido (está em viagens ao interior a menos de um mês após a eleição suplementar) e mantém diálogo com correntes diferentes da sua no PT.
Ao BNC , José Ricardo afirmou que, da mesma maneira que o PT nacional se movimenta para construir um plano de governo chamado “O Brasil que a gente quer”, no Amazonas o PT vai iniciar a construção do plano “O Amazonas que a gente quer”, “independente de ter ou não candidato ao governo”.
“O PT vai começar a discussão sobre as candidaturas que pretende lançar. Alianças e diálogos com outros partidos e quem sabe construir um projeto em conjunto para se contrapor ao grupo político que está no comando do Amazonas. Há anos são os mesmos”, disse.
O ex-senador João Pedro, que liderou a reunião da CNB, foi lançado por membros da corrente durante a reunião a candidato a deputado estadual e deputado federal.
Questionado sobre a disputa, João Pedro afirmou ao BNC que o momento agora é de conversa e de construção de candidaturas.
“Quem sabe conseguimos construir uma aliança com os outros partidos. Queremos o PCdoB, queremos o PSB do Serafim”, disse.
PCdoB
O próprio PCdoB, que há anos se posiciona na órbita de Eduardo Braga, após breve descolamento nas eleições de 2016 para união com PT, voltou a se aproximar de Braga nas Eleições 2017, apoiando ao Governo do Estado a campanha derrotada.
Sozinho e sem o apoio do PCdoB, e até de parte do PT, a campanha petista foi a segunda mais votada em Manaus este ano 2017.
Um dos principais projetos do PCdoB no Amazonas é a reeleição de Vanessa Grazziotin. Na Conferência, Vanessa e membros da sigla defendem que a prioridade é o Senado, embora a imprensa nacional e o cenário atual imponham a Câmara Federal como uma possibilidade.
Para qualquer um dos cenários, Braga, que terminou o pleito com altíssima rejeição e que foi o propulsor da eleição de Vanessa em 2010, pode representar peso morto para os planos do PCdoB em 2018.
“Meu nome é um dos nomes que compõem a relação dos que estão sendo discutido pelo partido para uma candidatura à presidência. Temos vários nomes. Mas também defendemos o direito de Lula de ser candidato a presidente. Não há nada que possa o impedir de ser candidato. Defendemos uma frente ampla. Fico muito lisonjeada (em ser considerada para candidatura à presidência). O projeto está corretíssimo. Eu particularmente defendo outros nomes. Quero me centrar no meu projeto de reeleição aqui no Amazonas”, afirmou.
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Eron volta à presidência do PCdoB em ano crucial para Vanessa
Foto: Rosiene Carvalho