Da Redação
A defesa do ex-secretário de Estado de Saúde Wilson Alecrim pediu à juíza da 4ª Vara Federal do Tribunal Regional da 1ª Região, Ana Paula Serizawa Podedworny, que o médico tenha direito à prisão domiciliar em função do tratamento de câncer de próstata .
Alecrim e outros quatro ex-secretários de Estado foram presos na quarta-feira, dia 13, na Operação Custo Político da Polícia Federal sob suspeita de terem conhecimento e beneficiarem um esquema de desvio de recursos públicos que deveriam ser aplicados na Saúde do Estado do Amazonas.
Há suspeitas de pagamento de propina , cujo valor somado pode chegar a R$ 20 milhões, só para os secretário de Saúde presos na operação.
Câncer
Alecrim, que tem 72 anos, foi preso um dia após ter recebido diagnóstico de um câncer de próstata. Segundo familiares do ex-secretário que falaram com o BNC e pediram para não serem identificados, o médico ainda se recuperava dos efeitos da biópsia no tumor e, quando foi preso, sangrava.
Esses mesmos familiares informaram que Alecrim estava com viagem marcada para São Paulo onde faria novos exames preparatórios, e que só são oferecidos na capital paulista, para uma cirurgia que precisa se submeter em janeiro.
Operação Custo Político
A operação “Custo Político”, desencadeada no dia 13 de dezembro, é um desdobramento da operação “Maus Caminhos”, que cumpriu os primeiros mandados em outubro de 20016. A Custo Político investiga, segundo a PF, os agentes públicos e políticos responsáveis por compactuar, proteger e até livrar os membros da organização criminosa de fiscalização dos órgãos de controle.
Na operação, foram presos quatro ex-secretários de Estado do Governo José Melo: Wilson Alecrim e Pedro Elias, da Susam; Raul Zaidan, Casa Civil; e o secretário de Governo e irmão do ex-governador Evandro Melo.
Os ex-secretários de Saúde presos são suspeitos de recebimento de propina. De acordo com o Ministério Público Federal, as propinas pagas com dinheiro público chegam à soma de R$ 20 milhões, entre 2014 e 2016.
Destes, todos foram presos preventivamente (sem data para serem soltos). Apenas Zaidan foi alvo de um decreto de prisão temporária de cinco dias, prorrogado por mais cinco dias na véspera de ele ser solto em função de documentos apreendidos na casa dele sob suspeita de interferência na investigação.
A operação Maus Caminhos, de acordo com a PF, desarticulou uma organização criminosa que desviou, entre 2014 e 2016, R$ 100 milhões dos cofres públicos do Estado, liderada pelo médico Mouhamad Mostafa.
Os crimes
Os pareceres do MPF encaminhados à Justiça, embasados nas investigações policiais, apontam que 22 agentes públicos estão envolvidos nos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo o MPF, os investigados eram pagos com dinheiro público para acobertar e colaborar com os desvios de verba feitos pelo grupo liderado por Mouhamad Moustafa, principal réu da operação Maus Caminhos.
Moustafa também foi preso preventivamente nesta manhã. O nome da operação faz referência à expressão usada por ele para denominar a propina paga aos ex-secretários.
Medidas judiciais
Durante a operação, executada em Manaus, Recife, São Paulo e Brasília, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva, nove mandados de prisão temporária, 27 mandados de busca e apreensão, 27 conduções coercitivas e 18 mandados de sequestro de bens móveis e imóveis.
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