Por Rosiene Carvalho , da Redação
Em meio a uma guerra de diagnósticos contraditórios e contaminados de objetivos políticos sobre a situação econômica do Amazonas, a atualização deste mês do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconf) do Ministério da Fazenda informa que os cofres do Estado estão cheios.
De acordo com o Siconf, o Amazonas tem R$ 2.233.930.726,34 bilhões para investimentos, cuja origem são repasses do Governo Federal.
Os dados estão disponíveis no site do Tesouro Nacional e são referentes a atualização feita no segundo quadrimestre do ano, ou seja, de maio a agosto.
O recurso é do tipo carimbado. Aquele em que o gestor não tem espaço de manobra, sob pena de ser enquadrado nas legislações que punem quem desvia esse tipo de dinheiro para outra aplicação. Os governadores têm obrigação de usá-lo exatamente para o fim a que se destina.
A regra é parecida com a do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que virou polêmica na Prefeitura de Manaus e festa durante o governo interino de David Almeida (PSD).
Independente da forma de aplicação, 60% dos recursos tinham que parar diretamente no bolso dos professores que atuam em sala de aula até dezembro deste ano. Prefeitura escolheu aplicar o dinheiro como forma de progressão da categoria, Estado abono pontual.
Recursos carimbados
Os R$ 2,2 bilhões que estão no Caixa do Estado devem ser aplicados exatamente dessa forma. Os recurso carimbados para Saúde não poderão ajudar, eventualmente, a resolver problemas do setor de segurança.
Os recursos disponíveis para construção de penitenciárias, por exemplo, não podem ser usados para outro objetivo nem mesmo dentro do próprio setor.
O Siconf do Tesouro Nacional não mostra detalhadamente valores e objetos da aplicação do recurso. Apenas a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) e, portanto, o governador do Estado tem acesso a essas informações, que, a rigor, deveriam ser públicas.
O BNC apurou que recursos para a conclusão da obra da Avenida das Flores, que se arrasta desde o Governo Omar Aziz; de uma penitenciária em Parintins e da conclusão da duplicação da estrada Manoel Urbano, a AM-070 estão no caixa do Estado prontos para serem usados.
David Almeida usou R$ 68 milhões
Comparando os recursos relativos aos repasses da União para o Amazonas disponíveis no primeiro quadrimestre (R$ 2,302 bilhões) e os do segundo quadrimestre (R$ 2, 233 bilhões), a diferença é de R$ 68.876.209,69 a menos no caixa do Estado.
Ou seja, o recurso que havia no final de abril foi usado entre os meses de maio e agosto. Exatamente no período em que o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM) David Almeida esteve na gestão do governo.
David, na última coletiva como interino, afirmou que era um maldade com as pessoas ter dinheiro em caixa e aplicá-los em benefício da população.
Amazonas no limite de alerta
Ainda com base em informações do relatório do Siconf, é possível verificar que o Amazonas saiu sim, após três anos, do limite prudencial das despesas com pessoal. O acumulado dos últimos 12 meses indica que o Estado gastou R$ 5.452.553.436,16 com a folha de pagamento. Isso representa 45,46% do total do orçamento no período.
O valor representa uma despesa mensal, em média, de R$ 419,427 milhões.
O Tesouro Nacional aponta a porcentagem de 46,55% como “limite prudencial”. No entanto, o Estado ainda está dentro do que o Tesouro classifica como “limite de alerta”, cuja porcentagem da despesa de pessoal relativa ao orçamento do período é de 44,10%.
Sair do limite de alerta envolvem questões complexas que passam pelo aumento da arrecadação e diminuição das despesas com pessoal.
Prefeitura de Manaus
Embora não esteja no foco da guerra política sobre a situação econômica da gestão, o prefeito de Manaus Artur Virgílio Neto (PSDB) também dispõe de um bom recurso oriundo do Governo Federal para ser aplicado em Manaus.
De acordo com o Siconf, o tucano tem R$ 573.396.650, 17 em caixa.O recurso tem o mesmo perfil e parâmetro de uso dos repasses do Estado. São carimbados e devem ser usados para fins específicos. No primeiro quadrimestre, o montante era cerca de R$ 100 milhões a menos: R$ 465.753.683,51.
O que deve ter ocorrido é que, com a falta de aplicação da maior parte do recurso disponível há quatro meses, o dinheiro em caixa aumentou.
Indicadores de Manaus são positivos
Além de dinheiro em caixa para investimentos carimbados, o Siconf informa que os dados relativos às despesas com pessoal da Prefeitura de Manaus também são positivos. As despesas com pessoal da Prefeitura de Manaus no acumulado de 12 meses é de R$ 1.772.499.609,60, o que representa 45,43% do orçamento. O percentual deixa a administração municipal longe dos limites de alerta (48,60%) e prudencial (51,30%).
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