Por Rosiene Carvalho , da Redação
A prisão temporária do ex-governador do Estado, José Melo (Pros), termina à meia-noite de hoje, segundo o advogado de defesa dele, José Carlos Cavalcanti Junior.
Melo cumpre o resto da decisão de prorrogação da prisão temporária, que determinou que ele ficasse na cadeia por mais cinco dias após a deflagração da operação “Estado de Emergência”.
No dia 27 de dezembro, quando foi liberado por determinação do juiz federal plantonista Ricardo Sales, José Melo já havia cumprido o primeiro dia da prorrogação.
De acordo com José Carlos Cavalcanti Júnior, do dia 31 de dezembro, quando foi novamente preso juntamento com o ex-secretários, até esta quarta-feira, dia 3, o ex-governador cumpriu o resto do período da prisão temporária.
“Do dia 31 em diante seriam quatro dias. Então, a zero hora de hoje se completa os quatro dias. Ele ficou preso no dia 26. Saiu às 8h40 do dia 27. Cumpriu horas a mais (…) Se a justiça cumprir o que foi determinado precisa sair à meia-noite, salvo se houver alguma alteração para preventiva, o que a gente não espera”, afirmou.
MPF
A reportagem consultou a assessoria de comunicação do MPF (Ministério Público Federal) por volta de 18h para saber se o órgão havia requisitado a prisão preventiva. A assessoria informou que o MPF prefere não informar sobre as medidas que serão ou foram tomadas hoje.
O plantão da Justiça Federal também não confirmou se havia um pedido de preventiva, mas disse que a juíza plantonista Jaiza Fraixe poderia tomar decisão a qualquer hora.
Sem fato novo, para defesa
O advogado de Melo José Carlos Cavalcanti Júnior afirmou que desde a deflagração da operação “Estado de Emergência”, quando o ex-governador foi preso, nenhum fato novo surgiu, especialmente durante a prorrogação da temporária, que justificasse uma prisão preventiva.
“Não teve nada. A polícia quer dizer que quer investigar, mas não apresentou um requerimento à justiça para nada. Nem para busca e apreensão, enfim, para nada. Na verdade, o que estamos vendo é uma tentativa de execração da imagem dele (José Melo) para garantir eventual pedido de prisão preventiva. Não encontraram nenhum elemento que o ligasse aos argumentos da acusação”, disse o advogado.
Trabalho da PF questionado
O advogado disse que as mensagens do telefone do médico Mouhamad Moustafa, apontado como chefe da quadrilha, que estão sendo associadas ao ex-governador, não encontram associação com os fatos reais. Segundo José Carlos Cavalcanti, sequer a agenda do governador nos dias em que há a indicação de recebimento de propina foi requisitada pela Polícia Federal.
Ele afirma que a defesa fez este levantamento. “As informações que estão sendo imputadas que seriam em relação a ele, nós temos o levantamento, em nenhuma das datas em que são informadas na investigação policial o senhor José Melo esteve na presença deste senhor. Em algumas delas, sequer estava em Manaus”, disse.
A defesa questiona a profundidade da investigação da Polícia Federal. “Então, a polícia e o Ministério Público deveriam verificar todas as informações antes de levantar o dedo e não estão fazendo isso. Pedem prazo para investigar e não estão investigando. Não há nos autos nenhum pedido à Casa Civil da agenda do governador”, declarou.
O advogado disse que tudo será demonstrado pela defesa no processo e que, neste momento, o foco é garantir a integridade física e emocional do ex-governador. “Nada do que está se dizendo é verdade e vamos demonstrar isso no curso da ação. Só precisamos da tranquilidade necessária, da vida e da integridade emocional do professor José Melo para que ele possa se defender”, disse.
Melou leu no presídio
José Carlos Cavalcanti negou que Melo esteja deprimido como informou nota da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) ao justificar o uso das algemas no translado de Melo entre o presídio e a sede da Justiça Federal no dia 26 de dezembro para audiência de custódia.
“Não. Aquilo ela (Seap) falou para se resguardar. Mesmo que ele tivesse deprimido, se tivesse qualquer tipo de ação dele contra a própria vida não ia ser dentro de uma viatura. Ele teve o tempo todo dentro da cela. Passou os dias determinados lendo, tranquilo. Não gerou nenhum tipo de atendimento médico. Então, essa conversa de que foi algemado com medo de reação suicida, isso é defesa de quem fez o mal feito. De quem quis humilhar e constranger”, declarou.
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