Em um modelo de eleição direta, com um período curtíssimo de campanha, como deve ser o caso da escolha do governador tampão para o Amazonas em agosto próximo, os prefeitos dos municípios estão sendo vistos como fundamentais no sucesso do candidato.
Afinal, são eles que possuem as melhores condições de fazer o nome do seu candidato chegar ao eleitor das paragens mais afastadas. E quando se trata de Amazonas, isso significa, em muitas situações, distâncias continentais.
Nas avaliações informais das rodas de conversas de amigos, a opinião mais comum é que sairá vencedor dessa eleição aquele que tiver o nome mais conhecido no interior do estado e tenha como vice um candidato bom de voto na capital.
O deputado federal Silas Câmara (PRB), ao lançar-se pré-candidato, lembrou desse detalhe, dizendo ter boas relações com os prefeitos da maioria dos municípios.
Silas diz isso também pensando nos irmãos da Assembleia de Deus, igreja que tem capilaridade em todos os 62 municípios do estado. Seu vice, contudo, ainda não conquistou essa condição de bom de voto na capital.
O senador Eduardo Braga (PMDB), com forte influência na área energética do estado, da qual é padrinho dos cargos mais influentes da Eletrobrás Amazonas Energia, espera ter apoio de prefeitos que ajudou a eleger e também de ex-prefeitos, muitos dos quais cooptados para o programa Luz para Todos, hoje presente em comunidades distantes dos centros mais urbanizados.
Braga disse que já recebeu declaração de apoio de 19 prefeitos, que recentemente estiveram em encontro com o senador. Seriam eles dos municípios de Manaquiri, Japurá, Tefé, Fonte Boa, Itacoatiara, Humaitá, Iranduba, Anamã, Rio Preto da Eva, Lábrea, Itapiranga, Caapiranga, Canutama, Silves, Tapauá, Novo Aripuanã, Urucurituba, Santa Isabel do Rio Negro e Juruá.
O pré-candidato do PMDB contabiliza que terá apoio de um número bem mais alto. Segundo Braga, já houve conversas com 55 prefeitos, 120 ex-prefeitos e mais de 200 vereadores .
Agindo como se fosse um candidato, o governador David Almeida (PSD) se reuniu com pelo menos 43 prefeitos na quinta e sexta-feira da semana passada. Ele não negou que esses encontros seriam uma boa chance para que os prefeitos levassem o seu nome aos eleitores do interior.
Porém, não está definido que David seja o nome do PSD em uma eleição direta. A avaliação informal é suas chances seriam potencializadas caso a escolha fosse pela via indireta, ou seja, por seus pares da Assembleia Legislativa.
Coincidentemente, somados os dois grupos de prefeitos de Braga e David, teríamos aí o total dos municípios do Amazonas, incluída a capital. Só que o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), não teria participado dessas reuniões.
O ex-deputado Marcelo Ramos (PR), que ficou em terceiro nas eleições de 2014, vencidas por José Melo (Pros), com Braga em segundo, é tido como uma excelente noiva para compor com um nome bom de voto no interior do estado.
Afinal, também conquistou boa votação na capital na eleição que disputou em segundo turno com Arthur Neto, que detinha a máquina da prefeitura na disputa, o que acabou fazendo muita diferença.
Nas avaliações dos “especialistas eleitorais populares”, se o ex-governador Amazonino Mendes (PDT), por ter um nome ainda muito vivo na cabeça do eleitor do interior, se juntar a esse potencial de Marcelo na capital, dificilmente perderia essa eleição tampão.
O deputado estadual José Ricardo (PT), os vereadores de Manaus Wilker Barreto e Marcelo Serafim (PSB) também já se anunciaram como pré-candidatos e correm contra o relógio para tornar seus nomes mais conhecidos entre os eleitores dos municípios.
O Amazonas tem para esta eleição cerca de 2,33 milhões (número de 2016) de eleitores, sendo 1,27 milhão na capital e 1,05 milhão no interior.
Foto: Reprodução/STF