Por Rosiene Carvalho e Israel Conte, Da Redação
Em expedição ao Amazonas, o presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) comemorou a marcação do julgamento em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será no dia 24 de janeiro. O julgamento pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) pode determinar a participação de Lula nas Eleições de 2018. Os dos presidenciáveis lideram as pesquisas pré-eleitorais.
“O que eu queria vai acontecer. Ele (Lula) será julgado”, declarou ao BNC ao ser questionado sobre como enfrentaria o potencial de votos que o PT conquistou no Amazonas nas últimas eleições.
Cerca de três mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), recepcionaram Bolsonaro no aeroporto Eduardo Gomes nesta manhã de quinta-feira.
Saguão e estacionamento do aeroporto Eduardo Gomes lotaram na recepção ao deputado Bolsonaro. Foto: Neuton Segundo/BNC
O julgamento em segunda instância do caso do tríplex, que Lula contesta e se defende dizendo que foi condenado sem provas, por ser feito por um órgão colegiado pode, em caso de condenação, enquadrar o pré-candidato na Lei da Ficha Limpa e barrar o nome dele nas urnas.
Em julho deste ano, Lula foi condenado a 9 anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pelo juiz federal de primeira instância, Sergio Moro,
PT
O PT derrotou com folga os candidatos de direita nas últimas disputas presidenciais no Amazonas. No segundo turno de 2014, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) conquistou 65,02% dos votos válidos, recebendo 1,033 milhão de votos, enquanto o candidato tucano Aécio Neves recebeu 555.810 votos e ficou com 34,98% dos votos.
Em 2010, também no segundo turno, a derrota da direita foi mais expressiva. Dilma recebeu 80,57% dos votos válidos e o candidato tucano José Serra, apesar das caminhadas na Zona Leste e inclusão da Zona Franca de Manaus como programa de governo, teve apenas 19,43% dos votos.
Em 2006, o segundo turno da disputa, foi outro vexame para os adversários de direita do PT. Lula teve 86,80% dos votos e o candidato do PSDB na disputa, Geraldo Alckmin recebeu 13,20% dos votos no Amazonas.
Recepção do deputado Jair Bolsonaro no desembarque do Aeroporto Eduardo Gomes. Foto: Neuton Segundo/BNC
Eleições 2018
Bolsonaro, embora em parte do discurso tenha negado que estivesse em campanha, fez promessas de quem “em um novo governo” o Brasil será “resgatado”.
“Nós resgataremos o Brasil. O Brasil já vai ser diferente antes mesmo das eleições este ano. É bom já ir se acostumando. Para o político no brasil como sou no momento, não existe maior recompensa maior como essa uma recepção que recebi”, disse.
Bolsonaro disse estar preparado para a disputa e para o cargo. “Não tenho obsessão pelo poder. Se vier acontecer, será uma missão de Deus. A cruz é pesada, sim. Mas ele não nos dar peso maior que não possamos carregar.
O deputado destacou que não estava em campanha. “Mesmo sem campanha, porque ninguém está pedindo votos, eu e vocês já estamos fazendo história. Estamos sinalizando para o Brasil que não podemos admitir a velha forma de fazer política no Brasil”, disse.
Presidenciável se impressionou e agradeceu a presença das pessoas que foram recepcioná-lo no aeroporto Eduardo Gomes. Foto: Neuton Segundo/BNC
O pré-candidato reclamou do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tentou enquadrá-lo por abuso do poder econômica numa campanha antecipada. “Um ministro do TSE quer me investigar por abuso do poder econômico. Alguém recebeu R$ 1 para estar aqui?”, questionou o público que o recepcionava que respondeu em coro: “Eu vim de graça”.
O presidenciável defendeu ainda que o próximo presidente da República seja uma pessoa honesta e que tenha Deus no coração.
“Nós precisamos de um presidente honesto, patriota e que tenha Deus no coração para tirar o Brasil da atual situação em que se encontra. Somos um só povo, uma só bandeira, indivisíveis. A esquerda tentou nos dividir ao longo dos últimos anos. Nós uniremos o Brasil”, afirmou.
“Amazônia é solução da economia”
Ao mesmo tempo que cresce nas pesquisas pré-eleitorais e aparece como nome mais próximo do primeiro colocado, o ex-presidente Lula (PT), Bolsonaro tem recebido críticas de políticos de direita e da mídia que dizem que o discurso dele, além de preconceituoso, é raso sobre as questões nacionais.
Com a “preocupação” de acrescentar ao discurso radical e opiniões polêmicas, a pauta da amazônia e do Amazonas, Bolsonaro afirmou que o subsolo da região e sua biodiversidade representam a solução para a economia do Brasil.
“Aqui está o futuro do Brasil. Temos na região amazônica o que ninguém no mundo tem. A amazônia, que pode ser solução para o mundo, não pode continuar sendo problema para o Brasil (…) A amazônia , área mais rica do mundo, cobiçada por muitos países tem seu potencial no subsolo e na biodiversidade mais que o suficiente para estar no topo da economia mundial. Se estou aqui é porque acredito em vocês”, disse.
Em Manaus, Bolsonaro também criticou políticas ambientalistas que “isolam os indígenas e não permitem que eles evoluam”.
“Essa político malfadada, não voltada para preservação do meio ambiente, mas voltada para os interesses de fora, vai deixar de existir. Não tem que ter diferença entre um irmão índio nosso na Bolívia e um irmão índio nosso aqui. Lá, o índio pode ser presidente da República. Aqui, o PT quer mantê-lo em reserva como se fosse um irmão de zoológico. O índio quer médico, dentista, energia elétrica e curso superior. Ele quer evoluir e será tratado dessa forma num governo futuro”, disse.
Jair Bolsonaro chega no aeroporto de Manaus. Foto: Luan Fonseca/BNC
Ideologia de gênero e corrupção
Bolsonaro não deixou de lado os discursos homofóbicos, marca de suas passagens pelas viagens da pré-campanha para 2018 misturando suas opiniões de pré-conceito com o clamor das pessoas de ouvir discursos contra a corrupção. Em Manaus, convidou a população do Amazonas a “acabar” e “derrubar” os que defendem a ideologia de gênero e querem acabar com a família brasileira.
“Nós temos que acabar com aqueles que querem destruir a família brasileira. Nós temos que derrubar aqueles que querem a ideologia de gênero. Nós temos que respeitar a inocência das crianças em sala de aula. “, disse.
O deputado disse que falta ao País precisa de políticos honestos.
“O Brasil tem tudo para ser um grande nação. Só ta faltando uma coisa: político decente em Brasília. Vamos combater a corrupção e a violência com radicalismo”, disse.
Licença para matar
Bolsonaro disse que vai lutar pelo excludente de ilicitude para os policiais em serviço. A proposta é que o policial responda por eventuais danos que provoque com uso de armas, mas não seja punido.
“Nós vamos brigar pelo excludente de ilicitude. O policial militar em ação responde, mas não tem punição. Se alguém disser que quero dar carta branca para policial militar matar, eu respondo: quero sim. O policial que não atira em ninguém e atiram nele, não é policial. Temos obrigação de dar retaguarda jurídica a esses bravos homens que defendem nossa vida e patrimônio em todo Brasil”, declarou.
Ao falar sobre este tema, Bolsonaro pediu a atenção dos Policiais Militares do Amazonas (PM-AM) e depois que o público os aplaudisse.
Deputado fez discurso em um carro de som com bandeiras do Brasil, Amazonas e Israel. Foto: Neuton Segundo/BNC
Venezuela, Cuba e Israel
O presidenciável defendeu parceria com Países como Israel e mostrou a bandeira “azul” do País e disse que Venezuela e Cuba não farão parte das relações internacionais do Brasil, caso ele seja presidente.
“Não vai ter parceria com a Venezuela, não. Não vai ter dinheiro para Cuba, não. Faremos parcerias com Países democratas e com economia pujante”, disse