Da Redação
O senador Eduardo Braga (PMDB) é apontado por reportagem da BBC Brasil com um dos 13 políticos que se beneficiou com exército de perfis fakes em atividades virtuais de campanha eleitoral de 2014.
A matéria investigativa da BBC ouviu ex-funcionários da empresa carioca Facemedia, registrada como Face Comunicação On Line Ltda, que teria começado a mobilização de perfis falsos nas redes socais em 2012 e ampliado seu exército na campanha de 2014.
Segundo a reportagem, a empresa mantinha pessoas contratadas em vários estados para administrar os perfis falsos que faziam publicações elogiosas nas redes socais dos políticos que os contratavam e atacavam seus adversários.
A reportagem informa que, na apuração da matéria, além de ouvir uma série de especialistas e ex-funcionários da empresa, reuniu “vasto material com o histórico da atividade online de mais de 100 supostos fakes e identificou 13 políticos que teriam se beneficiado da atividade”.
A reportagem acrescenta que “não há evidências de que os políticos soubessem que perfis falsos estavam sendo usados”.
Os contratados para administrar perfil fakes eram “jovens e na maioria das vezes sem curso superior” e que recebiam de R$ 800 a R$ 2 mil para o trabalho.
A técnica para dificultar a identificação como fake e evitar o banimento das redes sociais era dissimular rotina de usuário verdadeiro intercalada com publicações a favor do político que contratou o serviço e contrárias aos seus adversários.
A reportagem indica que, se o fake fosse identificado e banido, a empresa mantinha um exército de reserva que logo passava a funcionar.
Manipulação da informação
De acordo com o texto publicado pela BBC com base na opinião de especialistas, os perfis fakes são chamados de “ciborgues” porque são misturas de um comportamento de publicações a partir de “robôs”, mas controladas por pessoas.
“Os ciborgues ou personas geram cortinas de fumaça, orientando discussões para determinados temas, atacando adversários políticos e criando rumores, com clima de ‘já ganhou’ ou ‘já perdeu'”, afirma ele. Exploram o chamado “comportamento de manada”, afirma trecho da reportagem.
Especialista ouvidos pela BBC afirma que o “universo dos fakes mercenários” representa um “perigo para a democracia” porque disseminam “fake news”, as notícias falsas que dificultam a fiscalização, suspensão e punição por parte da justiça eleitoral.
“Muitos dos perfis reunidos pela BBC Brasil foram abandonados. Cerca de um quinto dos identificados no Twitter publicaram mensagens pela última vez entre os dias 24 e 27 de outubro de 2014. O segundo turno das eleições daquele ano aconteceu no dia 26 de outubro”, afirma outro trecho da matéria.
Além de Eduardo Braga, os demais políticos citados pelos ex-funcionários da empresa que controla fakes são, segundo a reportagem da BBC, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), o ex-prefeito de Vila Velha (ES) Rodney Miranda (DEM), o secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação do Rio de Janeiro, Índio da Costa (PSD), o ex-senador Gim Argello (DF) e o ex-deputado estadual Felipe Peixoto (PSB-RJ).
Leia a matéria da BBC completa neste link.
Resposta de Braga
Procurador pelo BNC, o senador Eduardo Braga, por meio de sua assessoria de comunicação, negou que tenha usado perfis fakes em seu benefício e disse que repudia esse tipo de prática. Braga disse ser autor de um projeto de lei que pretende punir com maior rigor pessoas que adotem esse tipo de conduta.
Leita a nota de Braga, na íntegra:
“O senador Eduardo Braga repudia todo e qualquer tipo de uso de robôs que se passam por pessoas reais na internet e enviam mensagens automáticas para influenciar debates políticos. Ele é autor do PLS 413/2017, que trata justamente deste assunto, tornando tal prática crime cibernético passível de punição na forma da lei, que prevê ao infrator pena de 3 a 5 anos de reclusão e multa que pode chegar a R$ 100 mil.
Na opinião de Eduardo Braga, esse tipo de mensagem automática é uma intervenção ilegítima que atrapalha o processo democrático, pois influencia a opinião pública, muitas vezes, inclusive, com a manipulação de informações.
O PLS 413/2017 está em tramitação no Senado Federal.”
Matéria atualizada às 11h14 deste sábado, dia 9 de dezembro.
Foto: Arquivo BNC