Por Rosiene Carvalho , da Redação
Pela primeira vez desde a tumultuada posse em outubro, o governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PDT), fez aceno para os deputados e disse que as portas do Executivo estão abertas para qualquer um deles e que “sem eles a vida e a recomposição do Estado seria difícil”.
“Eu vou encerrar minhas palavras saudando a todos os deputados, sem exceção, o presidente da ALE-AM, o secretário da mesa, porque são membros de uma intuição fundamental. Sem vocês a vida fica mais difícil para recompor o Estado”, disse.
Parlamentares governistas informaram ao BNC que a base aliada e os que os “simpatizantes” foram convidados para uma reunião que deve ocorrer até a próxima segunda-feira, dia 5.
O convite veio com a indicação de que o governador quer ouvir. O aceno para o diálogo ocorre após um início conturbado de governo em relação ao Legislativo.
O começo da queda de braço ocorreu com a tentativa de prolongar o governo interino de David Almeida adiando a data da posse e, na sequência, a posse de Amazonino por determinação judicial.
O ápice da queda de braço com o Executivo foi na votação da Lei Orçamentária Anual, no final do ano passado. O Governo sofreu derrotas, mudanças de mensagens e projetos e aprovou a LOA em votação apertada e muito negociada.
Quem quiser…
Nesta quinta-feira na ALE-AM, Amazonino disse aos deputados que está disposto a apoiar os bons projetos para o Amazonas, independente de onde vierem.
“E como chefe de governo, do Executivo estou lá com as portas abertas para atender as boas propostas. Não importa de onde elas venham. Façam um teste, proponham projeto sérios, dignos, importantes, vocês vão ver o meu aplauso imediato sem saber de ondem partiu o projeto”, disse Amazonino Mendes.
Quem não quiser…
O aceno mais direto e com maior tom de busca de conciliação veio no final do discurso indicando está com portas abertas. No entanto, Amazonino manteve fala dura com os parlamentares.
Amazonino encerrou a “abertura da porta” reclamando dos que adotam a “politiquice”, “politicagem” e os “politiqueiros”. Para o governador, esse tipo de político não poderá olhar de frente para os seus eleitores.
“Se derem asas às picuinhas, à politiquinha, à politiquice, vai atrapalhar, mas, tudo bem. Isso já é o trivial. Mas podemos mudar com grandeza, olhar o nosso eleitor de frente, com honradez, com sentimento confortável de dever cumprido. E não com a máscara do disfarce daquele que não é e aparenta sê-lo”, disse.
Ainda em fala direcionada aos parlamentares, Amazonino disse que o conceito de democracia e de harmonia entre os três poderes, previstos na Constituição, é meramente teórico e que a prática depende da atitude das pessoas que compõem o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
“A prática é completamente outra. Quem faz a diferença somos nós. Não é a lei, não é a teoria, não é a estrutura jurídica. É nosso sentimento. Pensem nisso, vale a pena”, disse.
O governador recomendou aos parlamentares a leitura da Mensagem Governamental de 2018 com mais de 400 páginas.
“São 450 páginas, eu recomendo a leitura, sobre tudo aos nossos nobres e queridos deputados, façam a leitura. É muito instrutivo, nesse momento em que a verdade é tão falseada. Números são números. Eles estão aqui. Basta compilar e ver. Vai ver e vai saber o quanto amarga era a nossa situação”, disse.
Para tomar posse do governo, Amazonino recorreu ao Judiciário e foi empossado sob decisão liminar do pleno do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) no dia 4 de outubro.
Foto: Divulgação/Facebook Amazonino Mendes
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